Da Agência Brasil
Pedro Peduzzi
Os organizadores da Copa de 2014 pretendem usar a visibilidade do evento para colocar na agenda mundial a questão da sustentabilidade. De acordo com o diretor de Responsabilidade Social da Fifa, Federico Addiechi, o papel do Brasil será de grande relevância para que a entidade consiga avançar em seu objetivo de usar o esporte mais popular do mundo para desenvolver uma cultura sustentável e social não apenas nos países-sede, mas em todo o planeta.
“O Brasil é um exemplo para o mundo, até mesmo em função de suas características físicas. Esta será uma oportunidade de o país mostrar ao mundo que a agenda de responsabilidade social e ambiental deve ser levada adiante, para além dos eventos mundiais esportivos”, disse Addiechi durante os trabalhos de abertura da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014.
Segundo ele, desde 2005 a Fifa tem uma estratégia de associar responsabilidade social ao futebol. “É no Brasil que temos a chance de avançar de forma mais significativa nessas áreas. Acreditamos que a Copa será uma plataforma de comunicação muito importante em relação a esses temas”.
Addiechi disse que as benesses da Copa vão além da infraestrutura e da economia. “Teremos a possibilidade de deixar legados maiores, em termos educativos, permitindo um diálogo com a cidadania brasileira e mundial sobre temas relacionados à proteção de meio ambiente e à responsabilidade social”.
Quem também defende o mesmo ponto de vista do diretor da Fifa, é o assessor especial do Ministério dos Esportes, Claudio Langone. “O Brasil é reconhecido internacionalmente como país mega diverso, o que implica em uma oportunidade para avançarmos nesses temas. É uma decisão política do governo federal agendar o mundo para a questão da sustentabilidade, correspondendo à grande expectativa que a Fifa tem nesse campo”, disse.
A Copa, avalia Langone, “é uma oportunidade para aportarmos em agendas relacionadas ao meio ambiente urbano nas 12 principais regiões metropolitanas, envolvendo novas alternativas de transportes menos danosos ao meio ambiente e combustíveis mais amigáveis ecologicamente. Os projetos visam também à integração de modais motorizados com não motorizados, como ciclovias, já que as diretrizes da Fifa apresentam fortes restrições a veículos particulares nas proximidades dos estádios, que terão preocupação centrada na sustentabilidade”.
Addiechi destacou que nunca houve iniciativas como a de hoje onde, com três anos de antecedência ao evento, a direção da principal entidade futebolística participa de uma câmara específica da área de meio ambiente e de sustentabilidade para discutir a implantação de projetos. “Isso também será um elemento motivador para a Rússia e para o Catar [onde acontecerão as competições de 2018 e de 2022]”.
Por sua vez, Langone concorda com o representante da Fifa, no que se refere às vantagens econômicas que podem ser proporcionadas ao país, a partir da associação de sua imagem à questão ambiental. “A oportunidade é ótima para as empresas que desenvolvem negócios verdes e para a indústria do ecoturismo, com o fortalecimento dos parques brasileiros”, disse o assessor do Ministério dos Esportes. “Novos mercados para produtos orgânicos e sustentáveis brasileiros podem surgir, além das oportunidades que a reciclagem pode proporcionar para novos negócios”, completou.
Langone, no entanto, chama atenção para os cuidados a serem tomados em relação ao cumprimento de prazos. “Não estamos atrasados. Estamos fazendo as discussões no momento certo e com a metodologia certa. Mas daqui para frente não podemos relaxar. Qualquer espaço de tempo perdido certamente trará prejuízos aos objetivos que estamos desenhando”, disse.
Entre os pontos que mais preocupam o governo, Langone destaca os atrasos das cidades-sede em definir claramente os responsáveis pelos projetos. “Precisamos fazer os desenhos técnicos já tendo definidos os orçamentos”.