Defendendo que não há preconceito racial por parte da população e, sim, falta de informação, o escritor e pesquisador Natanael dos Santos proferiu palestra interativa, com o tema A Cultura Negra e a Acessibilidade, no Auditório Juarez Moreira Filho, na tarde desta terça-feira, 26, dentro da programação da Flit – Feira Literária Internacional do Tocantins.
Segundo Natanael, quando a história é de fato conhecida, é possível mudar uma opinião, uma postura. “Lá em casa mesmo dizem que meu cabelo é pixaim, mas ele é carapinha, da linguagem bando que significa crespo em português. Na verdade, o cabelo do negro é enrolado porque precisa proteger a cabeça do sol e do calor do continente, senão torra diante dos mais de 40 graus na sombra que faz na África. O nariz do negro tem esta formação nasal baixa para melhor oxigenação, por isso temos tantos negros vencedores de competições esportivas, porque o desempenho é melhor. Quanto à boca, chamada de beiçola, caçapa, é por haver maior gordura nos lábios, que os torna mais resistentes ao verão e ao inverno. Se os lábios fossem finos, sairiam muitas feridas, afetando até mesmo o céu da boca”, ensinou.
Natanael falou ainda sobre a cor da pele, que, segundo ele, tem função primordial, principalmente nos países de temperatura alta. “O preto reflete a luz do sol e não queima, por isso o negro, os africanos, têm a pele preta, ou seja, muita melanina”.
Sob o olhar atento da platéia, formada por professores, jovens e visitantes em geral, o palestrante discorreu também sobre o idioma africano, explicando o significado de expressões como saravá e macumba, palavras que podem causar repulsa em muita gente, e que, na verdade, referem-se a paz e festa, respectivamente. Para interagir ainda mais com o público, cerca de 20 pessoas foram convidadas ao palco e com instrumentos musicais aprenderam também sobre o som africano.
Um dos participantes questionou sobre as dificuldades encontradas pelos professores para o ensinamento das diversas religiões em sala de aula. Para Natanael, o problema ocorre pelo fato de que o educador, seja ele de qualquer uma das religiões, deve contar a história das religiões e não somente da dele. “Por falta de informação, ele vai destruindo o que é de verdade, e construindo uma mentira a cerca das demais”.
O palestrante criticou ainda o sistema de cotas aos negros nas universidades, pois, segundo ele, o caminho está em oferecer uma boa remuneração aos professores, possibilitando que os mesmos possam se dedicar com mais afinco à profissão e, conseqüentemente, na melhoria do ensino em sala de aula. “As cotas são uma faca de dois cortes. Se um professor que ganha pouco tem um filho negro e este filho entra na universidade pelo sistema de cotas, no curso de medicina, ele terá condições de mantê-lo na faculdade?”, questionou.
Valores étnicos
Ainda sobre o tema cultura negra e diversidade, a pedagoga Rosa Vani, autora do livro Aprendendo valores étnicos na escola, proferiu palestra no Auditório Juarez Moreira, durante a tarde. Rosa contou de onde veio sua motivação para a obra e surpreendeu ao relatar o desejo de um garoto negro de quatro anos que queria ser verde e assim ser aceito pelos colegas de classe e quando seu filho chegou em casa e relatou ter sido chamado de macaco na escola.
Aos professores, falou sobre como lidar com as diversidades e combate-las na escola.
Feira Literária Internacional do Tocantins
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