O Ministério da Educação anunciou uma nova proposta para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que substituiria o vestibular das 55 universidades federais e de instituições estaduais que adotarem a medida. Segundo o ministro Fernando Haddad, o exame teria 200 questões de múltipla escolha e uma redação e seria aplicado em dois dias. Atualmente, o Enem tem 63 questões e uma redação.
No novo formato, as questões seriam divididas em quatro grupos: linguagens (incluindo português, inglês e a redação), matemática, ciências humanas e ciências da natureza. No entanto, como a maior parte das universidades aplica vestibular duas vezes por ano, não se descarta a possibilidade de o Enem ser aplicado mais de uma vez no ano.
De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, os critérios do exame ainda serão discutidos. Ele, no entanto, adianta que o resultado obtido pelo estudante em um exame continuará válido mesmo após a aplicação de outro Enem. “Ele só vai refazer [o Enem] para aumentar a pontuação”, explicou.
Fernandes acrescentou que o modelo será usado como uma espécie de “pesca” por parte do estudante, que poderá escolher a universidade onde deseja estudar, de acordo com a nota que obtiver na prova. Para o ministro Haddad, o novo formato do Enem permitirá maior mobilidade dos alunos entre as unidades da Federação.
Segundo ele, apenas 0,04% dos estudantes matriculados no primeiro ano do ensino superior têm origem em estado diferente da unidade da federação onde estudam. “Nos Estados Unidos, 20% dos alunos são oriundos de estados diferentes de onde cursam a universidade”, comparou.
Uma nota técnica com a proposta foi enviada para análise da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). A ideia é unificar o acesso às vagas em universidades federais e estaduais, mas, como têm autonomia, as instituições podem aderir ou não ao novo Enem.
"A ideia é superar o vestibular tradicional e que as universidades participem também do processo de realização do Enem. Já temos alguns conteúdos que consideramos necessários para serem cobrados, mas a discussão com as universidades será aberta", disse o ministro.
Haddad, porém, destacou que o Enem não impede a realização de outras etapas de um processo seletivo para ingresso na universidade. Ou seja, o Enem poderia servir como uma primeira fase do vestibular e as universidades teriam a possibilidade de instituir uma segunda fase do processo seletivo por contra própria.
Haddad disse ainda que o novo Enem poderia acabar com a sobreposição de avaliações. "Acabaríamos com o Enade [exame do governo federal para avaliar o aluno do ensino superior] para os ingressantes nas universidades e também o Encceja do ensino médio [exame do governo federal para os cursos de jovens e adultos]", disse o ministro, lembrando que o MEC tem condições de implementar a medida ainda este ano, caso tenha o aval das universidades.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse o novo vestibular proposto pelo ministério, e feito com base nas provas do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), permitirá uma concorrência nacional por todas as vagas ofertadas pelas instituições que aderirem ao novo sistema.
Segundo o modelo proposto, após receber o resultado da sua prova no Enem o aluno poderá listar até cinco cursos, nas instituições de sua preferência (também limitado a cinco) e concorrer com os demais candidatos do país.
A nota de corte dos cursos será determinada por essa concorrência entre os alunos. Ou seja, se mais alunos com notas altas concorrerem a um determinado curso a nota de corte será mais alta. O aluno poderá mudar suas opções até o penúltimo dia do anúncio do resultado pela instituição.
Se o aluno perceber que o curso escolhido como a primeira opção está com a nota de corte superior à sua avaliação no Enem, pode optar pelas demais opções da sua lista inicial ou modificar a primeira lista escolhendo novos cursos e novas instituições até o penúltimo dia da data marcada para o anúncio do resultado. Todas as opções serão colhidas pelo MEC por meio de um sistema digital. Essa lista elaborada pelos alunos não terá nenhuma restrição.
Os reitores das 55 universidades federais brasileiras manifestaram apoio à iniciativa do MEC de substituir o atual vestibular por uma nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em longa reunião com o ministro da Educação, Fernando Haddad, na sede da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília, os reitores debateram a proposta e tiraram dúvidas quanto aos aspectos técnicos da seleção.
Na reunião, ficou acertado que um comitê gestor formado por reitores e secretários estaduais de educação de cada região do país irá acompanhar a elaboração da nova prova e o impacto no ensino médio público. “Como a idéia é reestruturar o currículo do ensino médio, se valendo do processo seletivo, o comitê será criado para que o modelo da primeira prova possa ser aperfeiçoado com o tempo”, explicou Haddad.
Outros temas abordados no encontro foram a mobilidade dos estudantes e seu impacto no desenvolvimento regional – já que farão um único teste para concorrer a qualquer curso de qualquer instituição que aderir ao modelo – e a questão das peculiaridades de cada seleção em relação às cotas ou avaliações seriadas. Segundo o ministro, não há impedimento para que as universidades que apliquem políticas afirmativas ou a avaliação seriada mantenham os modelos.
Alguns reitores perguntaram sobre os processos seletivos que hoje são feitos em duas fases, principalmente, para os cursos mais concorridos. Haddad explicou que, se a universidade se valer apenas do Enem como processo seletivo, a mudança no vestibular poderá ocorrer ainda este ano. Para os que querem implementar a segunda fase – a ser elaborada pela própria instituição –, provavelmente só no ano que vem.
O ministro informou que o MEC vai redigir um termo de referência operacional, documento técnico para explicitar detalhes da seleção, e entregar aos reitores, a fim de que eles debatam e façam suas escolhas.
Vestibular
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