Para o Arquiteto Engenheiro João paulo tavares da Jp Arquitetura, nos últimos meses temos ouvido falar muito em desaceleração do mercado imobiliário e queda do valor do m². Contudo, se analisarmos bem veremos que este comportamento reflete um amadurecimento do mercado.
Estamos saindo de uma crescente demanda e uma pequena oferta. O aumento e facilidade da concessão de crédito, a estabilização econômica, o aumento do poder de compra da população e os programas de incentivo do Governo Federal foram a combinação perfeita para o crescimento desordenado do mercado. Porém, nos últimos meses está havendo uma inversão deste cenário, afinal aquela explosão de mercado em 2012 era totalmente fora da realidade.
De acordo com um estudo realizado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o mercado imobiliário sofre uma desaceleração, que pode ser mais acentuada nas grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Brasília e Belo Horizonte. O consumidor está mais cauteloso, ele está estudando mais antes de fechar o negócio. Do primeiro contato do cliente com o corretor até o fechamento do contrato leva-se hoje até 60 dias, há alguns meses este caminho era percorrido na metade do tempo.
"... o aumento do poder de compra da população e os programas de incentivo do Governo Federal foram a combinação perfeita para o crescimento desordenado do mercado."
O setor tem uma dependência muito grande da conjuntura econômica, ainda que atue a médio e longo prazos. Atingimos um teto, a tendência agora é de um crescimento moderado. O total de financiamento com recursos da poupança saltou de R$ 3 bilhões em 2004 para R$ 82,7 bilhões no ano passado e o número de unidades subiu de 53.826 para 453.571 no período. Desta forma podemos concluir que não há como repetir o mesmo desempenho nos próximos anos porque a base de comparação é alta.
Isso significa que o segmento está perdendo força? Não. O nome correto é harmonização do setor ou crescimento planejado, onde o maior beneficiado dessa reestruturação será o próprio consumidor que poderá deixar de se preocupar com a crescente no preço do m² e planejar melhor a compra do seu imóvel. As mudanças estão sendo observadas aos poucos e mesmo com esta movimentação o mercado continua absorvendo o que está sendo construído. Devemos estar preparados para identificá-las, interpretá-las e saber aproveitá-las.
"Estamos acompanhando uma redução pontual nos preços dos imóveis, mas ainda há muita gordura a ser cortada."
Neste sentido os empresários da área terão que elevar a qualidade de seus produtos e colocá-los no mercado com valores mais atrativos. Sairá na frente as construtoras que buscarem na tecnologia soluções para reduzir o custo de suas obras. Essa equalização do mercado será positiva para todos. Ganhará o empresário, ganhará o cliente.
