Quando as pessoas estão se preparando para grandes desafios, novas oportunidades, sempre ficam nervosas, ansiosas por alcançar os objetivos traçados. Segundo Juliana Gebrim, psicóloga clínica, todos os seres humanos sofrem de ansiedade em algum momento da vida. “Todos nós, em algum momento na vida, sentimos a ansiedade. Para alcançarmos alguma meta, devemos ter um grau de ansiedade que é classificado como saudável. A curva da ansiedade é um ‘U’ invertido. Alcançamos um pico. Se essa sensação ultrapassar determinado limite, o nosso rendimento tem uma queda vertiginosa, que pode até prejudicar a saúde, tornando-se patológica”, comentou.
Segundo a psicóloga, essa sensação basicamente tem dois lados: ou faz com que o indivíduo entre em ação, num postura positiva, ou o paralisa, podendo ser o gatilho para doenças. As causas de transtornos patológicos podem estar ligadas ao funcionamento do corpo e experiências da vida. Dependendo delas, a ansiedade tanto pode ajudar como atrapalhar o candidato. “Ela é uma resposta a uma situação em que o indivíduo é obrigado a reagir de forma rápida e eficaz. Caso a situação seja perigosa, a ansiedade será uma resposta extremamente positiva e de preservação. O problema é quando ela surge de forma desproporcional ao estímulo original e paralisa a pessoa. Ficar ansioso só ajuda quando este sentimento se apresenta de forma proporcional ao estímulo ocasionado, sendo igual a uma emoção qualquer, podendo ser controlada, sem ‘cegar’, preservando o campo de visão”, declara.
Alguns sintomas clássicos ajudam a identificar se a ansiedade fugiu ou está fugindo do nível normal: preocupações exageradas, medo extremo, sensação de que algo muito ruim irá ocorrer, falta de controle sobre pensamentos, atitudes, dificuldade de pegar no sono, além de sensações físicas desagradáveis, como mãos trêmulas e suores, acendem o sinal de alerta de que algo não vai bem.
Para Juliana Gebrim, o desafio que se apresenta a muitos concurseiros é exatamente aprender a transformar a ansiedade em um algo positivo. “A partir do momento em que ela é dosada e equilibrada, será eficaz, podendo ser uma mola propulsora até na preparação. O indivíduo deve ter uma certa dose de ansiedade para organização, planejamento e execução dos estudos”, comenta. E, de verdade, não faltam fatores que podem estressar os candidatos, que sofrem grandes pressões. É preciso, por exemplo, equilibrar as finanças, encontrar tempo para a família e estudar muito para alcançar o objetivo. Segundo a psicóloga, todas essas questões, quando não administradas, podem alterar o estado emocional do concorrente ao cargo público, fazendo com que o desempenho seja prejudicado.
“A principal dificuldade é ter o estado emocional da pessoa alterado. Muitos concurseiros, quase sempre, estão vivendo em círculos sociais em que é aplicada uma cultura imediatista, onde os resultados devem ser para ontem. Na verdade, todos sabemos que concurso público é um processo em que a pessoa passa por várias etapas até alcançar o resultado. É necessário, nesse período, ter muita paciência, foco e controle emocional. Estudos mostram que, em cerca de 80% dos casos em que ocorre uma dificuldade de aprendizagem, esse fato está associado a um estado mental de tensão. A ansiedade, nesses casos, entra como um desestabilizador no processo da aprendizagem, acionando ondas cerebrais de tensão”, comenta.
O candidato precisa aprender a não perder o foco sem, contudo, exagerar na geração de expectativas. “Achar que vai passar logo é um erro. Uma falha que tem associação direta com a ansiedade, provocando respostas na mente e no corpo extremamente agressivas”, declara a psicóloga. Depois de reprovações, por exemplo, é quase que inevitável apresentar um certo desânimo, uma dose de frustração. Para Juliana, o concurseiro deve levar isso como um aprendizado. “Se a pessoa encarar que não passar faz parte do processo, ela saberá lidar melhor com a ansiedade, sem desanimar diante das reprovações. As pessoas encaram resultados negativos como fracassos, quando deveriam encará-los como um aprendizado para os próximos concursos”, diz.
Por fim, a psicóloga ressalta que o candidato nunca deve perder a alegria e a garra, por pior que seja a situação em determinado momento. “Os mais persistentes e pacientes, aqueles que passam nas seleções desejadas, têm essa característica de serem pessoas de bem com a vida. E todos eles saem desse processo extremamente amadurecidos”, declara. É preciso que os concurseiros saibam que a fase preparatória para concurso público tem início, meio e fim. Esse período é caracterizado por pressões psicológicas e situações-limite de todos os tipos, que precisam ser administradas. A seguir veja algumas dicas de como lidar de forma produtiva e saudável com a ansiedade:
1 – ORGANIZAÇÃO: uma pessoa organizada cria uma couraça contra a ansiedade, pois fecha metas de estudo e revisão de matérias. Isso decresce consideravelmente a ansiedade;
2 – EXERCÍCIOS: apostar em exercícios físicos que sejam realizados com prazer. E também apostar nos exercícios acadêmicos, relativos às matérias estudadas. Não existe outra forma de passar, sem fazer esses dois exercícios;
3 – NÃO: aprenda a dizer ‘não’ a tudo que tire a sua concentração ou roube seu tempo. Evite prestar atenção nos outros. Essa é uma forma também de dizer ‘não’ para seus pensamentos e atitudes desfavoráveis;
4 – EVITE O FACEBOOK: passamos horas no Facebook recebendo notícias dos outros. Fulano passou, ciclano casou. Concentre-se na sua trajetória;
5 – EVITE COBRANÇAS: uma forma de evitar cobranças excessivas é falar menos. Fale o menos possível sobre resultados e provas que irá fazer. Falar demais, alardear objetivos, só faz aumentar a pressão dos outros sobre o candidato;
6 – EVITE IDEALIZAR: seja realista sobre o tempo necessário para assimilar uma matéria ou o tempo necessário para a aprovação. Não existem milagres de aprovação;
7 – EVITE PESSOAS NEGATIVAS: existem pessoas que nos desagradam e irritam. Afaste-se delas. Isso esquenta a nossa cabeça sem necessidade e só traz aborrecimentos;
8 – RESPONSABILIDADE: assuma qual foi o seu erro quando não obteve resultados satisfatórios. Aprenda com suas falhas para se sair melhor na próxima investida;
9 – SAÚDE: alimentação, sono, respiração abdominal. Preocupe-se com tudo isso;
10 – RESPEITO: respeite os seus limites. Se não entra mais nada na cabeça e você não consegue mais estudar, descanse;
11 – AJUDA: se não consegue lidar sozinho, se a pressão está alta demais, procure um profissional, como um médico ou psicólogo. Pedir ajuda não é passar vergonha;
12 – FASE: concurso é uma fase da nossa vida quando escolhemos esse caminho. E toda fase tem um final. Faça o possível para que esse caminho seja sem danos irreversíveis para a sua saúde. Não vale a pena ficar doente por coisa alguma;
Fonte: Folha Dirigida