Redação NoVitrine - Raabe Andrade
O Brasil enfrenta hoje uma das maiores crises de desemprego da sua história. Ao todo são mais de 14 milhões de brasileiros, aptos a trabalhar, contudo, desempregados. A taxa de desocupação, que em 2019 era de 11,9%, agora é de 13,1%. Os efeitos diretos dessa situação são vistos no número crescente de desalentados (que são as pessoas que desistiram de procurar um emprego) e na maior competitividade por postos de trabalho.
Diante de tal cenário, agravado pela pandemia, a situação de trabalho das mulheres, que historicamente é desigual, se complica ainda mais. Um levantamento divulgado pelo IBGE em março de 2021, aponta que apenas 54,5% das mulheres acima de 15 anos integram a força de trabalho do Brasil. Enquanto que entre os homens de mesma idade, esse percentual é de quase 74%.
Apesar de ainda serem minoria empregadas, a pandemia parece ter lançado as mulheres em direção ao mercado de trabalho e à procura por emprego. Antes da pandemia, o número de acessos do portal de empregos tocantinense NoVitrine era equilibrado entre homens e mulheres, mas no último ano esse comportamento se alterou. É o que relata Leonardo Maximiano, gestor e dono do site: "Tínhamos uma média equilibrada, 48% de acessos de mulheres e 52% de homens. Com a pandemia essa porcentagem foi para 70% de mulheres e 30% hoemens”. Leonardo, que lida há 12 anos com a área de recrutamento e empregabilidade, acredita que não foram os homens que pararam de procurar por vagas de emprego, mas sim, que essa procura cresceu entre as mulheres.
“Estava tudo bem, até descobrirem que eu era mãe”
O levantamento do IBGE também aponta que o nível de ocupação de mulheres entre 25 e 49 anos, que têm filhos pequenos, é de apenas 54%, contra 67% daquelas que não têm filhos. O portal Vitrine também fez uma apuração com as seguidoras de seu Instagram, que são maioria de seu público na rede. Essa dificuldade de reinserção no mercado de trabalho após os filhos, foi relatada por 37% das mulheres entrevistadas, contra 17% que tiveram facilidade e 46% das entrevistadas que não tinham filhos.Abaixo você pode ver uma galeria com os principais relatos das mulheres entrevistadas pelo Vitrine, quando perguntadas se já tiveram dificuldade em encontrar emprego por serem mulheres.
Uma porta que se fecha, outra que se abre
Se por um lado a empregabilidade feminina é mais difícil, por outro, de acordo com o Sebrae, as mulheres são as que mais empreendem. Para muitas o empreendedorismo nasceu em meio a pandemia, como oportunidade para driblar o desemprego. Para outras era o sonho que cultivavam há muitos anos, como caminho para ter mais liberdade de tempo e de dinheiro.No último ano, o Tocantins registrou significativo aumento na quantidade de empresas formais abertas. Foram 2.432 novas empresas em 2020, contra 1.735 no ano anterior. A presidente da Junta Comercial do Estado do Tocantins, Thaís Coelho, atribui esse crescimento à desburocratização dos processos de abertura. A boa notícia é que, apesar de gradativa, a participação feminina no meio empresarial também tem aumentado. Hoje existem cerca de 169 mil empresas ativas no estado e 25% delas é administrada ou é de propriedade de mulheres. Thaís Coelho ressalta que: “Tradicionalmente esse espaço era ocupado majoritariamente por homens. A partir da reflexão mais constante do machismo, e de como superar seus efeitos, a mulher se empodera e passa a lutar para ocupar esses espaços. Passamos a valorizar mais nosso potencial”. E conclui: “Sim, somos empresárias, sim, temos capacidade administrativa e de gestão. Ainda temos muito a evoluir. Mas temos que valorizar as conquistas que já tivemos”.
Histórias que inspiram
A estudante do terceiro ano do ensino médio, Camila Rocha, tem apenas dezessete anos e já é uma mulher empreendedora! Ela conta que com a suspensão das aulas presenciais durante a pandemia, passou a ficar muito tempo sozinha no quarto, navegando na internet. Então como forma de ocupar a mente, após testar algumas receitas, Camila resolveu dar o pontapé inicial no Donuts PMW, seu próprio negócio de donuts.Dez meses após o início das atividades, a jovem empreendedora já tem mais de 3 mil seguidores em sua página no Instagram e sonha alto: “Eu acredito que vou levar o meu negócio adiante. Quero me especializar, quero me formar nessa área e ter uma empresa. Por que não? Eu acredito que a pandemia me abriu uma grande oportunidade, não só para mim, mas para outras pessoas”.
Outra mulher empreendedora com muita história para contar, é a Laira Braga, proprietária do Sabor a Mesa Congelados. Ela abriu seu negócio em janeiro de 2020, para custear o tratamento de saúde de seu filho mais novo. Em março encarou de frente a maior pandemia do século e os efeitos do isolamento social, tanto na vida pessoal, quanto empresarial. Hoje, um ano depois, a empresária palmense se prepara para expandir o seu negócio.
Você pode ver a história da Laira completa aqui: