A suposta capacidade de algumas pessoas de verem a “aura” pode ter uma explicação científica. Pesquisadores espanhóis descobriram que, pelo menos em alguns casos, este fenômeno está associado à sinestesia (ou especificamente, sinestesia emocional).
Nos sinestésicos, regiões do cérebro responsáveis pelo processamento de cada tipo de estímulo sensorial estão intensamente interconectadas. Sinestetas podem ver ou sentir o sabor de um som ou associar pessoas ou letras em particular a cores. O estudo foi realizado na universidade de Granada e publicado no periódico Consciousness and Cognition. Esta é a primeira vez que uma explicação científica foi dada para o fenômeno exotérico da aura, um suposto campo de energia de radiação luminosa em torno de uma pessoa como um halo a qual seria imperceptível para a maioria dos seres humanos.
Sinestetas apresentam mais conexões sinápticas do que pessoas “normais”. “Estas conexões a mais podem fazer com ela estabeleçam associações automaticamente entre áreas do cérebro que não estão normalmente interconectadas”. Diz o professor Gómez Milán, um dos autores da pesquisa. Agora, pesquisadores sugerem que muitos curandeiros que alegam ver a aura de outras pessoas devem ter esta condição.
O caso da "Santón de Baza"
Um dos pesquisadores da Universidade de Granada destacou que “nem todos os curandeiros” são sinestetas, mas há uma elevada prevalência desta condição entre eles. “O mesmo ocorre entre pintores e artistas, por exemplo.” Para realizar este estudo, os pesquisadores entrevistaram alguns sinestetas incluindo um “curandeiro” de Granada, "Esteban Sánchez Casas," conhecido como "El Santón de Baza".
Muitas pessoas atribuem “poderes paranormais” ao Santón, devido a sua suposta habilidade de ver a aura das pessoas “mas, de fato, é um caso claro de sinestesia” explicam os pesquisadores. De acordo com eles, El Santón tem a sinestesia face-cor (a região do cérebro responsável pelo reconhecimento da face está associada com as regiões de processamento das cores.); a sinestesia toque espelho (quando o sinesteta toca alguém que esta sendo tocada também ou está experimentando dor, ele/ela sente o mesmo); alta empatia (a habilidade de sentir o que outra pessoa está sentindo), e esquizotipia (certos traços de personalidade em pessoas saudáveis que envolvem ligeira paranóia e delírios). "Essas capacidades dão aos sinestetas a capacidade de fazer as pessoas se sentirem compreendidas, e proporcionar-lhes uma particular emoção e habilidades de leitura de dor", explicam os pesquisadores.
À luz dos resultados obtidos, os pesquisadores observaram um "efeito placebo" significativo que os curandeiros têm sobre as pessoas", embora alguns médicos tenham realmente a capacidade de ver “auras” nas pessoas e sentir a dor dos outros devido à sinestesia. "Alguns curandeiros têm habilidades e atitudes que os fazem acreditar em sua capacidade de curar outras pessoas, mas na verdade é um caso de auto-engano, como a sinestesia não é um poder extra-sensorial, mas uma subjetiva e um adorno da "percepção da realidade", dizem os pesquisadores.
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