O Ministério da Educação aprovou projeto inédito que prevê financiamentos a universidades brasileiras que queiram ajudar a melhorar o ensino superior na África.
Vinte universidades nacionais, entre elas USP e federal de Minas Gerais, enviarão professores e pesquisadores para instituições de cinco países africanos e um asiático, todos de língua portuguesa.
A USP, por exemplo, ajudará a criar um mestrado em educação em Angola. Já a federal do Rio Grande do Sul participará da implantação do primeiro curso de agronomia da Universidade de Cabo Verde.
Por meio da Capes (órgão do ministério), serão financiados 45 projetos, que custarão R$ 6 milhões -pouco menos de 10% do que a pasta deve gastar neste ano com bolsas para alunos nas universidades brasileiras.
É a primeira vez que o ministério financia de forma articulada projetos com esse formato, diz o reitor da UFMG, Clélio Campolina, presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa.
Segundo ele, os dois lados ganham. As escolas africanas melhoram suas atividades -nenhuma das de língua portuguesa figura entre as melhores nos principais rankings.
Já o Brasil amplia sua possibilidade de pesquisas e ainda estreita laços com países onde há interesse comercial.
A UFMG, por exemplo, ajudará a criar um curso de graduação de engenharia civil em Moçambique, onde a Vale explora carvão.
“Acho bom que universidades brasileiras façam isso. As instituições de outros países de língua portuguesa precisam, e a língua comum ajuda”, diz Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
Ele pondera que pode haver “desperdício de dinheiro” se os projetos não forem bem desenhados e avaliados. Para isso, afirma, o ideal seria começar com menos projetos.
Paralelamente aos projetos da Capes, a UFMG ajudará a criar uma universidade pública em São Tomé e Príncipe, que hoje tem só um instituto politécnico e uma faculdade privada. O pedido foi feito ao ministro Aloizio Mercadante, que designou a UFMG.
Fonte: Folha de S.Paulo/FAEL