Os moradores da região norte do país já conhecem bem o que acontece nos meses de julho, agosto e setembro, com o clima seco, a falta de chuva e o sol forte, as queimadas vão tomando conta do cenário, deixando o ar pesado e difícil de respirar.
Apesar de todo desconforto causado pelas queimadas, sua prática se tornou comum no Tocantins. O Estado tem o segundo maior número de incêndios registrados, perdendo apenas para o Mato Grosso. De acordo com o Inep, foram registrados 3.853 focos de incêndio, do inicio do ano até o dia 19 de agosto. Especialistas da Universidade Federal do Tocantins esclarecem o porquê dos altos índices e comentam o impacto das queimadas na região.
A professora do curso de Engenharia Ambiental, Iracy Martins, explica que nessa época do ano as ocorrências de queimadas ditas “acidentais”, causadas pela baixa umidade ou outras interferências do ambiente contribuem para o aumento dos índices. Isso porque, no Tocantins, as queimadas controladas estão proibidas, já que o clima seco e a intensidade dos ventos podem transformá-las em grandes incêndios florestais.
Mas mesmo as queimadas sendo crime e causando vários danos, a prática é corriqueira por fazer parte da cultura do estado, elucida a professora. Para Martins, a única solução é a educação ambiental. “É preciso que as pessoas se conscientizem sobre os efeitos da queimada intencional. Culturalmente, a população imagina que a queimada limpa o solo, aumentando a fertilidade pela inserção das cinzas, mas os prejuízos são maiores que os benefícios momentâneos”, garante ela.
Recuperação do Solo
Segundo Iracy, um área que passa muitas vezes pelo processo de queimada se torna imprópria para a vida, perdendo sementes e pedaços de madeira com condições de reprodução assexuada, além de afastar os animais da região. A boa notícia é que a reversão desse processo é possível, com introdução de espécies nativas, melhoria das condições e monitoramento do solo, mesmo que o processo seja a longo prazo.
Na Universidade Federal do Tocantins, um método de recuperação vem sendo testado pelo professor de Agronomia, Rubens Ribeiro. O trabalho visa repor no solo a quantidade de carbono eliminado do sistema, tanto pelo processo produtivo, quanto pela queima de resíduos vegetais que ficam sobre o solo. Segundo o pesquisador, desde 2005 alunos de Agronomia e da pós-graduação em Engenharia Florestal e Produção Vegetal trabalham em parceria com produtores rurais que buscam a recuperação de solos degradados em suas propriedades.
Ribeiro comenta que o processo de recuperação do solo é baseado na reposição da quantidade de carbono perdida durante o tempo de exploração em cada sistema produtivo implantado. Ele relata ainda, que essa reposição é realizada por meio da inserção de resíduos orgânicos gerados na mesma cadeia produtiva. Em termos técnicos o pesquisador explica que são recuperadas a fertilidade, a física e a microbiologia do solo.
O projeto aplicado em fazendas da região vai recuperar 1000 hectares só na safra de 2013 e 2014, isso representa um aproveitamento de aproximadamente 20 mil toneladas de resíduos. Rubens acredita que o projeto faz parte do papel da UFT, que é levar resposta e benefícios para a sociedade tocantinense, afinal o processo feito para recuperar essas áreas é bem mais barato e sustentável que o sistema convencional que utiliza fertilizante mineral. ( Com informações da Diretoria de Comunicação - Dicom
Universidade Federal do Tocantins - UFT)