Núbia Daiana Mota/ Seduc
As escolas públicas de todo o Brasil têm até o próximo dia 30 de agosto para se cadastrarem no Mais Educação, programa que busca oferecer sete horas diárias de atividades nas escolas, compreendendo aulas das disciplinas do currículo e atividades orientadas em áreas como cultura e esportes. No Tocantins, as 390 unidades de ensino da rede estadual, que ofertam o ensino fundamental, já aderiam ao programa. Este ano, serão atendidos 68.691 estudantes do 2º ao 9º ano nos 139 municípios tocantinenses.
De acordo com a coordenadora do Mais Educação no Tocantins, Vilma Brito, pela primeira vez a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem todas as escolas estaduais do ensino fundamental contempladas pelo Mais Educação, inclusive as escolas indígenas. “Todas as nossas unidades aderiam no período inicial. Aqui fazemos um trabalho intenso de contato, por telefone, e-email, sempre lembrando dos prazos, verificando se o cadastro está completo e zelando para que todas nossas escolas sejam contempladas e recebam o recurso para desenvolver as atividades desse programa que permite a permanência do aluno na escola por mais tempo”, ressalta.
As escolas que ingressam no programa Mais Educação passam funcionar em jornada ampliada, oferecendo, no mínimo, sete horas diárias de atividades aos estudantes. Esse período é preenchido com aulas das disciplinas do currículo, orientação de leitura e estudo, acompanhamento pedagógico e atividades orientadas nos campos da cultura e dos esportes. A unidade de ensino recebe recurso do governo federal para despesas com aquisição de equipamentos, instrumentos e materiais para as oficinas, além custear o pagamento dos monitores.
Bons resultados
No Colégio Girassol de Tempo Integral Augusto dos Anjos, em Palmas, as aulas do programa Mais Educação são concorridas. Os estudantes podem optar pelas oficinas de letramento, violão, iniciação científica, ginástica rítmica, canto coral, dentre outras. A coordenadora do programa na escola, Maria Aparecida Santos, conta que a evolução na aprendizagem e o crescimento pessoal dos alunos é evidente, desde que foi implantado o Mais Educação. “Fazemos o diagnóstico por turma, vendo qual o tipo de acompanhamento o aluno necessita ou oficina com a qual se identifica. Eles gostam tanto, que a maioria participa de várias oficinas e incentivam os colegas a participarem também. Com o Mais Educação é notável o bom desempenho deles não só nas oficinas, mas também nas aulas do núcleo comum”, afirma.
O estudante Erik Pereira, 10 anos, é um dos incentivadores do programa. De participante, ele também passou a auxiliar a monitora nas oficinas de letramento, que trabalha a produção de texto e leitura junto a alunos que apresentam dificuldades na leitura ou interpretação. “Quando entrei eu não sabia ler direito. Aí a professora foi me ensinando com jogos, brincadeiras, e aprendi rapidinho. Gosto muito de ler e agora ajudo meus colegas que estão precisando”, destaca o estudante do 4º ano.
No cotidiano da aluna Dalila de Moraes quase falta tempo para tantas atividades. Ela começou aprendendo a tocar flauta doce e hoje participa também das oficinas de violão, canto coral e karatê, além de fazer parte da fanfarra da escola. A estudante conta que sempre gostou de música, mas só na unidade de ensino teve a oportunidade de participar dos cursos na área. “A vida inteira eu achei legal e tinha vontade de tocar algum instrumento. Aqui eu toco vários e ainda sou do coral e da fanfarra”, diz empolgada, ressaltando que pensa em seguir a carreira musical como profissão. “Penso em duas coisas: ser cantora e professora de música para ensinar as crianças como a música é uma coisa boa pra vida da gente”, planeja a aluna de 10 anos.
Portas abertas para a comunidade
O Colégio da Polícia Militar da 403 Sul, na capital, tem entre as atividades do Mais Educação, a horta escolar, capoeira, atletismo e canto coral. Além dos alunos da escola, as aulas também são abertas à comunidade. “Com o aluno mais tempo dentro da escola estamos preservando esse aluno de situações de vulnerabilidade social como o acesso às drogas, à ociosidade, à violência nas ruas; e por isso atendemos também alunos da redondeza que estudam em outras escolas e que não têm outra atividade no contraturno”, destaca a coordenadora do programa na unidade de ensino, Zoélia Tavares.
Os irmãos Vithor e Vinícius Borges, de 13 e 10 anos respectivamente, participam da oficina de capoeira no Colégio da Polícia Militar. Vithor é aluno do 8º ano na escola e a empolgação com as aulas contagiou o irmão menor, que não é estudante da unidade escolar. Os dois comemoram a possibilidade de fazerem juntos, e gratuitamente, uma atividade que traz benefícios para a vida dentro e fora da escola. “Na capoeira não aprendemos só jogar. Aprendemos como ser pessoas melhores, mais disciplinadas, que respeitam os outros”, diz Vithor. “Meu irmão começou primeiro e como vi que era legal; quis fazer capoeira também. Na minha escola não tem e aqui é de graça”, completa Vinícius, que participa ainda dos treinamentos de atletismo.
Já Frederico Beckmann, que cursa o 7º ano na unidade de ensino, gosta mesmo é das aulas práticas na horta escolar orgânica. Segundo ele, poder ajudar a produzir parte dos alimentos que vão ser servidos nas refeições da escola é gratificante. “Trabalhar na horta é uma atividade muito relaxante. Plantar, adubar, regar as mudas. O mais legal é poder colher e saber que aqueles legumes e verduras que plantamos são saudáveis porque não usamos nenhum tipo de agrotóxico. Tudo é natural”, enfatiza.